terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

VEM COMIGO QUE EU TE EXPLICO NO CAMINHO - Parte 1


VEM COMIGO QUE EU TE EXPLICO NO CAMINHO - Parte 1
Por Airton Sousa

Sabe aquelas estradas sem final, imensas? Que vontade de sair andando sem rumo, a pé, com chuva, com sol, com frio! Uma mochila nas costas, algum dinheiro no bolso e pronto, tá completo o final de semana. Gosto de fazer esse tipo de aventura, embora não faça isso há muito tempo. Foi em 2009 que peguei a mochila e saí de São Paulo, numa quinta-feira, em direção a Curitiba, pra ver um amigo; e como já estava lá avancei mais um pouco. Sempre gostei de viajar de ônibus e caminhar. Caminhar bastante.

A volta para São Paulo foi pelo litoral; fui parando em algumas praias até chegar à Ilha Comprida. De lá, pedalei 11 quilômetros até Iguape, onde encontrei outro amigo. Naqueles tempos o corpo ajudava e as pernas não doíam tanto.

Quando era moleque, eu caminhava e cantava: “Vou caminhando sempre contente, pela estrada rumo ao céu. Não tenho medo, vou confiante pois Jesus comigo está...”. Com o tempo, fui desviando desse caminho, procurando outras rotas.

Quando cresci, eu já não caminhava tão contente e nem confiante. Um desvio errado levava a outro caminho mais errado ainda e eu cantava igual ao Raul Seixas: “Esse caminho que eu mesmo escolhi é tão fácil seguir, por não ter onde ir...”. E eu continuava caminhando igual maluco, apenas tentando controlar a “maluquez”.

Quando “envelheci” (envelhecer, aqui, no caso, é apenas uma figura de linguagem?), eu me lembrei de uma canção da juventude; o tema era “Balada do homem sem rumo” que dizia: “Caminhando sem rumo, eu vou sem destino, procurando encontrar um mundo melhor...”.

Um dia desses, ao olhar para trás e ver todo o caminho percorrido, resolvi parar para descansar. Sentei num banquinho, abri minha mochila, tomei um gole de água mineral, peguei a Bíblia e abri na história relatada em Lucas 24:13-35.

Naquele mesmo dia dois dos seguidores de Jesus iam a caminho da aldeia de Emaús, uns onze quilômetros de distância de Jerusalém. E comentavam entre si tudo o que acontecera. De repente Jesus apareceu e juntou-­se a eles, caminhando ao seu lado. Mas eles não sabiam que era Jesus.

“O que vocês estão conversando, o que aconteceu”?

Um deles, Cleopas, respondeu: “Deves ser a única pessoa em toda a cidade de Jerusalém que não sabe das coisas terríveis que aconteceram nestes últimos dias”.

 “Que coisas?”, perguntou Jesus.

“O que aconteceu a Jesus de Nazaré. Era um profeta de Deus que fez milagres poderosos e, além disso, era um grande mestre, mas os principais dos sacerdotes e os nossos chefes o prenderam e o condenaram à morte e o crucificaram.”

“E nós pensávamos que ele era o Messias que vinha Israel! Isto aconteceu há três dias e hoje umas mulheres do nosso grupo de seguidores foram ao túmulo, de manhã cedo, e regressaram com a notícia de que o corpo de Jesus desapareceu”.

Esses dois aí estavam tristes, pois esperavam algo, de Jesus, que não veio. Queriam um libertador e receberam a decepção, pois não sabiam qual era, exatamente, o papel de Jesus na sua história. Estavam dispersos pelo caminho, longe do grupo que seguia a Jesus Cristo, longe da comunhão, sem esperança. Decepcionados com a igreja, os seus membros, o pastor. Daí o desânimo.

Então Jesus respondeu-lhes: “Mas vocês não estão sendo sensatos! É assim tão difícil para vocês crerem em tudo o que os profetas escreveram nas Escrituras? Não foi, claramente, predito por eles que o Cristo teria de sofrer todas essas coisas antes de entrar na sua glória?” E começou a ensiná-los e fez compreender as escrituras, começando com os livros de Moisés, explicando o que esses textos diziam a respeito de si mesmo.

O fato era que Jesus havia ressuscitado e estava ali ao lado deles, mas eles não o reconheceram, pois o seguiam à distância. Estavam tristes, pois não conseguiam se lembrar dos bons momentos. Por isso, havia mágoa e decepção.

Isso acontece quando estamos presos ao passado, vivendo das imagens do passado, sentindo as amarguras do passado, e não conseguimos ver o presente. Deixamos de ver Jesus ao nosso lado, perdemos a confiança, ficamos sujeitos a superstições, tristezas, desvios de caráter.

Entretanto, aproximavam-­se da localidade para onde iam. Jesus parecia querer prosseguir no caminho, mas pediram-­lhe que ficasse com eles porque estava anoitecendo. Quando se sentaram para comer, ele pediu a bênção de Deus sobre o alimento, e depois, pegando num pequeno pão, partiu­ e o distribuiu­ entre eles. Foi então que, de repente, os olhos se lhes abriram e o reconheceram.

É um texto cheio de lições profundas. Enquanto lia, eu ia pensando em várias aplicações para nossa vida... Mas, neste momento, eu me emociono com o fato de que, mesmo quando estamos no caminho errado, Ele vem ao nosso encontro, caminha com a gente e pergunta: “O que está acontecendo?”.

O caminho é longo; eu volto semana que vem!


4 comentários:

  1. é muito bom saber que Ele nos ajuda a encontrá-Lo..por que ele é o caminho certo. Ansiosa para a parte 2. ;)

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  2. "... Foi então que, de repente, os olhos se lhes abriram e o reconheceram."
    Isso é tão real!!
    Às vezes um pouco incomum, porque, geralmente, não estamos a fim de abrir os olhos, né? Mas se olharmos com atenção, abrirmos os olhos, podemos reconhecê-lO.
    O caminho é longo, mas em boa companhia a gente nem se cansa!

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  3. A companhia é o melhor do caminho. Vem comigo.

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