quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

EM CISMAR, SOZINHO, À NOITE...

EM CISMAR, SOZINHO, À NOITE...
(Por Eduardo Santos)

Hoje, escrevo com um incômodo peso da saudade que ocupa meu peito. Saudade é uma coisa curiosa, é um sentimento ruim oriundo de algo bom que já aconteceu. De qualquer jeito, é coisa da vida da gente!

Falando de saudade, logo me lembro do belo poema de Gonçalves Dias: “Canção do exílio”.¹ Já li esse poema diversas vezes e, em toda oportunidade que tenho, acabo relendo. Gosto da forma como o escritor transmite sua angústia pela saudade que sente de sua terra natal. De forma empática, consigo até mesmo sentir a saudade que ele sentiu.

Talvez pareça um tanto esquisito, mas a saudade que sinto é de algo que desconheço, na verdade, de um lugar onde nunca estive, só ouvi falar. Sinto falta de "um país nas terras de além-rio, cheio de flores, de prazer e luz".² Um lugar diferente do que conhecemos hoje, "uma terra linda e encantada"³, um "lugar onde a felicidade é total"³, onde "não terão mais lutas nem mais cruz".²

Começamos o ano falando do ato criativo de Deus. Revimos a semana da criação, quando a divindade fez surgir um mundo maravilhoso, do que conhecemos apenas uma pálida representação. E, propositalmente, escolhi falar sobre a recriação da Terra em meu último texto.

A Bíblia começa e termina apresentando relatos de ações criativas de Deus e eu gosto de pensar nela como um hiato na história da eternidade, como uma pequena pausa numa história perfeita, como uma interrupção por conta do pecado. Daí a similaridade entre seu início e fim, na minha opinião.

Esta é a mais bela esperança apresentada pela Bíblia: a de que teremos a oportunidade de experimentar o plano inicial de Deus para os seres humanos por causa do resgate que foi efetuado na cruz. Essa maravilhosa promessa é muito bem traduzida em palavras, nos versos a seguir: "Porque, eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão. Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu crio; porque eis que crio para Jerusalém uma alegria, e para o seu povo gozo. E exultarei em Jerusalém, e me alegrarei no meu povo; e nunca mais se ouvirá nela voz de choro nem voz de clamor." (Isaías 65:17-19).

A cada dia que passa, sinto que essa realidade se torna mais próxima. "Os meus olhos já divisam não tão distante, meus ouvidos já escutam sons divinais."³ E a saudade que arde em meu peito é um dos combustíveis que mantém acesa a chama da esperança em minha mente. E à tardinha, "quando o sol se põe no horizonte, eu julgo ver em sonhos esse lar".² Convicto de Sua breve vinda, peço permissão a Gonçalves Dias pra dizer: "Em cismar, sozinho, à noite, mais prazer encontro eu lá; nossa terra tem palmeiras, onde canta o sabiá.".¹


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Referências:
1.    DIAS, G. Canção do exílio. - Disponível em: <http://www.vidaempoesia.com.br/goncalvesdias.htm>. Acessado em 04/12/2015.
2.    Lindo País. Hinário Adventista do Sétimo Dia, número 571.
3.    SANTOS, J. D. Além do Rio. Hinário Adventista do Sétimo Dia, número 570.

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